E porque não dissemos nada...

Na primeira noite, eles se aproximam

e colhem uma flor de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem,

pisam as flores, matam nosso cão.

E não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles, entra

sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua,

e, conhecendo nosso medo,

arranca-nos a voz da garganta.

E porque não dissemos nada,

já não podemos dizer nada.

Maiakovski

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