Índia Song

Índia. Anos 30. A música, o piano, o incenso. Embaixada da França. O Ganges. Vozes. Histórias. A fome, a lepra, o calor. A pobreza, o preconceito. Longos silêncios, que dizem muito... Os corpos... choram, e chorar é uma forma de falar... o espelho, o confronto com sua própria imagem, o passado e o presente se confundem. "Essa música... me dá vontade de amar"... "Ela está profundamente ausente... chegam toledas de livros em nome dela"... um abajour, um porta-retrato... a casa, o jardim, estátuas, a varanda... "As rosas chegavam todos os dias do Nepal". "Aquele abandono no olhar". Uma voz ao fundo... entoa uma canção quase triste. O vento, as árvores, a maré baixa. O calor e a lentidão. Tudo está morto... as ruas, a casa, o jardim, a quadra de tênis, a bicicleta vermelha... tudo se tranformou em uma imagem confusa e apagada do que existiu um dia... Vozes que emergem dessa desordem, caos... Obra de Marguerite Duras, escritora francesa. Ela nos revela ora a tensão dos corpos, ora o silêncio incômodo e frio... Apesar de se estar na Índia, a Índia não está lá.... percebe-se a Índia no incenso, nos nomes dos rios, das cidades, na voz que fala da lepra, da pobreza... e acima de tudo, sente-se a Índia na música... é isso! Não se vê a Índia... ela é sentida... o filme, talvez fale também do amor... "amor... a ponto de eu não ver, nem ouvir... morrer..." Os pescadores de Ganges. A noite, o calor, passos na madrugada. A chuva. Os caminhantes. As janelas. Cinema teatral. Poesia. O foco está nas palavras. Quando parece que não acontece nada... é justamente quando tudo acontece... escrevo no escuro... duas vezes hoje... primeiro na sala de cinema... depois, no meu quarto, na madrugada... as frases saem soltas... talvez tortas demais... o silêncio diz muitas coisas... é preciso aprender a ouvi-lo!

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